4 Koans Escritos por Fernando Graça

I
O monge Fernando aproximou-se de seu mestre e desabafou:
- Mestre, vivo sozinho, sou solitário...
O mestre perguntou, enquanto ambos caminhavam:
- E o que é solidão?
- Não ter amigos, não amar nem ser amado, não ter com quem conversar, não sair...
O mestre disse:
- Muito bem. E o que é não solidão?
O discípulo respondeu:
- O contrário. Ter amigos, amar e ser amado, ter com quem conversar, sair...
Por fim, o mestre fez a pergunta final:
- E o que é nem solidão nem não solidão?
Nesse momento, o monge Fernando se iluminou.

II
Durante uma outra conversa, o monge Fernando comentou com seu mestre:
- Mestre, quero ser rico.
- O que é riqueza e o que é pobreza?, perguntou o mestre.
Fernando respondeu segundo o senso comum. E então o mestre perguntou:
- E o que é nem riqueza nem pobreza?
Nesse momento, Fernando atingiu o Satori.

III
Certa vez, numa hora fatal de sua vida, Fernando indagou-se sobre a existência de seu mestre. Este lhe garantiu em alto e bom som:
- Sim, existo tanto quanto o Sol e a Lua!
- Prove!, pediu o discípulo.
- Minha voz! Minha voz é a prova cabal!
O monge Fernando respondeu:
- Em que lado da minha mente, em que lado da minha alma, sai tua voz?

IV
Em seguida, indagou-se sobre o fato de ser monge e sobre o fato de ser quem era. Ouviu então alguém lhe chamar:
- Fernando!
- Sim?
- Fernando!
- Não, este não é meu nome, pois não tenho nome nenhum!
- Fernando!
- Não tenho nome nenhum e nem não nome nenhum!
Mas a voz insistia:
- Fernando!
Ele riu e disse:
- Que besta fui, sem prestar plena atenção no agora!
- Fernando!
Nesse momento, abandonou as certezas e não certezas e sua consciência entendeu o nada e o vazio e atingiu o Nirvana.

12/08/2016

Fotoemas

28 de julho de 2016. fotos e textos: Fernando Graça

Pressionada. Estrangulada. Agonia. Fim próximo. Moribunda. Velha. Seca. Nenhuma folha. Nenhum fruto. Não importa. Nada importa. Continua. De pé.
ela. um imenso foda-se. um imenso deixem-me viver e ser feliz.
ele. agachado. da sua janela se vê a paróquia santa cecília. acima da torre a cruz. em volta da torre e em volta da paróquia e em volta dele o céu. atrás da torre o céu. atrás do céu...
aqui, o poeta deve lançar-se ou lançar?

fotos na ordem de cima para baixo: vista debaixo do MASP; mãe Iraci posando da janela; topo da paróquia de Santa Cecília; Fernando Graça em sua quitinete anterior.

Poeresias e Descontos

Mínimo (27/07/2016)


- J   á c          o      m p     r e         i  o   r             e v            ó   l  v         e r  .
A   f  r     i   e z     a  d    a f r    a  s   e    ,a   c  o  n  v  i c   ç  ã o  , a   s   p a   r  e d e   s b  r   a   n   c   a s s   e a   l   o  n   g   a  m  , b    r   a   n   c    o s e   r á   o t e  m  p  o   ,   o  B  r   a  s  i    l é   u  m   i   m   e   n   s    o b  r    a   n  c  o  , S   ã   o  P   a   u  l  o   é   u   m i  m  e  n  s  o   b    r   a   n c   o,    e    u     s  o    u    u    m i    m   e   n     s  o b   r  a    n   c o, v e  r  s   o   s i   n   c   o   n   c   l   u    s   o  s,  o t  e  m  p  o d    a   r   á o  s d    e   v   i  d  o  s c    r  é  d     i  t  o  s c   o  m    o d  e u  a   o t  o  r s o  d   e A   p  o  l   o e   à V   ê  n  u  s d  e M  i  l o s, m  e  u r   e  t  r  a  t o d  e a  n t e s     d  a l  u t a   e s  t é  t i  c  a e  n    t  r  e   o f  r  a  g  m  e  n t  o   e   o a b  s  o   l u t   o, o ú l  t  i  m  o e  n g o l  i r d   e s a  l i v a  , a ú  l  t i m a   e  s  t  r  e  l   a, n  a  d a d i  s s o  s  e  r   á  t a   l v  e   z  e  s  q  u  e  c  i    d o  ,  m  a  s  o b  r  a  n  c  o r  e q u e  r e s c     r i t    u r a , a  s s    i m a   o m   e n o s c  o  m a  s p  á  g  i  n  a  s e  s b o ç a d a s q u e    v  a l e r a m   o e  s    f o r ç o   d e     m     a   d r   u g a   d  a  s r  o  m p i d a s  , n u   n  ca m a i s   s i g n o   a l    g   u m ,   n      u    n c a   m a i s   l     i n     g u     a g e     m a l g u m a ,   n u n c a   m a        i   s   s o m       b         r a   a l   g u m a ,   a   v i d a   é   e s t e   i m e n s o   s i l ê n c i o ,   u        m n   e      g r o   i n f         i n         i t o   e s        u  r       d o , p o r       q u e c e r       t o s   s o           n o s   n        ã o    t e m   s           o n              h o s ,   d i            m e           n s ã o o         c a .

- J  á       c   o   m   p   r     e   i    o       r   e   v   ó  l   v     e   r   . 
A     f   r   i   e   z   a      d   a       f   r   a   s  e   ,          a       c   o  n  v   i  c   ç   ã   o   ,       a   s       p   a   r   e   d   e   s       b   r   a   n    c   a   s       s  e     a l   o   n   g  a   m   ,       b   r   a    n   c  o       s   e    r   á   o   t   e     m   p    o ,   o   B   r   a   s   i l   é   u m   i m e n s  o  b r a n c o ,   S ã o   P a u l o   é   u m   i m e n s o   b r a n c o ,   e   u   s     o  u   u    m   i   m   e   n  s o   b r a n  c o , v e r s o s   i n c o n c l u s o s ,    o   t e    m   p o   d a  r á   o s   d e v   i d o s   c r é d i t o s   c o m   o   d e u  a o   t o    r s o   d e   A   p   o l o   o e à   V   ê   n   u s   d   e   M   i   l   o s ,   m  e    u   r   e   t r a t o   d e   a   n t e s   d a   l u   t a   e s   t   é t i c a   e n t   r e   o  f   r a g  m e n t o   e   o   a b s    o l u   t o ,   o   ú l t  i        m o   e n   g o l   i r   d   e   s a l   i v a ,    a   ú l   t i  m a   e s t   r e l a ,   n a   d a   d i s   s o  s e   r á  t a  l v  e  z    e s q u e c i d o ,   m a s   o   b r a n c o   r e q u e r   e s c r i t u r  a,   a s s i m   a o  m e n o s   c o m   a s   p á g i n a s   e s b o ç a d a s   q u e   v  a l  e r a  m   o e s f o  r ç o    de   m a  d r u g a d a s   r o m p i  d a s ,  n u n c a   m a i s   s i g n o a l g u m ,   n u n c a   m a i s   l i n g u a g e  m  a l g u m a ,   n u n c a   m a is   s o m b r a   n e n h u m a ,    a  v i d a   é    e s te   i m e n  s o   s i  l ê  n c i o ,   u m   n e g r o   i n f i n i t o   e   s u r do ,   p o r  q u e  c e r t o  s   s o n o s   n ã o   t e m   s o  n  h  o s ,   d i m e n  s ã  o  o  c a .

- Já comprei o revólver.

A frieza da frase, a convicção, as paredes brancas se alongam, branco será o tempo, o Brasil é um imenso branco, São Paulo é um imenso branco, eu sou um imenso branco, versos inconclusos, o tempo dará os devidos créditos como deu ao torso de Apolo e à Vênus de Milos, meu retrato de antes da luta estética entre o fragmento e o absoluto, o último engolir de saliva, a última estrela, nada disso será talvez esquecido, mas o branco requer escritura, assim ao menos com as páginas esboçadas que valeram o esforço de madrugadas rompidas, nunca mais signo algum, nunca mais linguagem alguma, nunca mais sombra alguma, a vida é este imenso silêncio, um negro infinito e surdo, porque certos sonos não tem sonhos, dimensão oca.

Coitado dele
Ah, coitado dele
Que com densa prosa espiritual
Suicida
Não usou seu revólver. O que interessa num revólver é a bala que não há. Saiu para fumar ou para escrever algo em seu bloco de notas? Desceu do edifício. Deteve-se diante da calçada. O vai-e-vem da multidão em pressa realegrou seu espírito. Sei disso pois sorriu ao jogar o cigarro no bueiro. O cigarrou ou um papel amassado? Virou a esquina. Entrou sem querer num terreno, jurando que era baldio. Ele nada evitou, nada gritou, não combateu, se entregou. Os pitbulls o e  s  t  r a ç a l h a r a m .

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31 de dezembro, 1999

Est oup ost rad onu mpó s-or gas mo, dom eul ado lev ant a-s eou tro cor po, tal vez ext ens ãod ome ude sej o, ele eto das asc ont ela çõe sdo uni ver sof orm amu mún ico ser, est oud efo rad est ecí rcu lo, euc ons ciê nci apr ese nte aob ser var tai sob jet os, ume nfe bod ebo che cha sve rme lha s, pel ebra nqu íss ima, uma con ste laç ão dad eso rde m, uma esc uri dão dee str ela s, pur oco ntr ast ecr omá tic oae spi aro shu man os, aov ira rac abe ça vej oqu eos ême nse esp alh oup elo chã o, res quí cio sno sso sex pel ido spa raf ora den ós, eng end rad osd enó see mnó s, vir amo sou tro sco rpo sef orm as, rec uso- mea fal ars obr eos er, ser não exi ste, par ece- mea gor aqu eog ozo éaa nte ssa lad opa raí so, par ece- mea gor aqu eoo utr ova ise sui cid ar, ele peg aum rev ólv er, par ece que vai nos mat ar, que meu, ond eeu, não eue mlu gar alg um, não eue mlu gar nen hum, ond een tão, não eu, sem ond ene mqu and o, asq uat rop are des doq uar toe stã oga stas, émi nús cul ooq uar to, ser áqu eeu sou ote to, pel oar osi lên cio dep ala vra sdi tas nop ass ado equ eag ora sec ala m, gem ido sab afa dos mis tur am- sec omp ala vra sel oqu ent es, alg uma sga sta spe lot emp o, out ras que não pas sam dep oem asd eco rad os, out ras que for mam lei tur asd ist raí das, som ent eos ouv ido sdo sse nti dos pod eme scu tá-l as, tal vez ela sdu rem com oát omo sab raç ado spe loo xig êni oin vis íve lno mei ode mui tas out ras pal avr as, nom eio det oda sas pal avr asq uea lgu mav ezf ora mdi tas aqu i, oou tro cor pop erde- sea gor aem sol ips ism os, san gue epe nsa men tos eem bat em, sep ene tra m, doi sco rpo squ ese cod ifi cam, doi sco rpo squ efo rma mum sóc orp o, doi sco rpo squ ese jus tif ica m, oân gul omu dan est esé cul o, aqu iod ia, aqu ian oit e, sou ped aço sde car nee squ art eja dos eco loc ado snu msa cop ret oqu ero lar ioa bai xo, com igo des cet odo oca nsa çod est esé cul o, eus acr ifí cio alg umd eum out roq uet amb éms esa cri fic oua ele mes mo, con osc ose vão tod oso sfa nta sma s, tod asa sal qui mia s, nos sam ort ere sul tar áem nov asf orm asd ere lig ião, nin gué mse ban had uas vez esn ome smo rio, ofi mém esm oin evi táv el, est oup ost rad onu mpó s-or gas mo, dom eul ado oco rpo sel eva nta, peg aor evó lve r, não hám ais bal a, não háb ala alg uma, jam ais hav erá alg uma bal ase que r, cre sce alt oop rim eir oso ldo mil êni o, rom pem osa man hã, ame sma mer das emp re, ume spí rit ode oti mis mon oar, ote mpo éco nve nçã o, teu sor ris oao aba ixa raa rma edi zer fel iza non ovo éco nve nçã o, nad ame pre par oup ara est eso rri so, mas ace ito ocl ich ê, des abo dia nte det i, sim pat izo com esp era nça spr eci pit ada s, épr eci sou mas egu nda mor ted epo isq ued amo sco nta deq uee sta mos viv os, tom ooc orp ofr ági lcom oam ort eum dia tom ará am imm esm o, boc asg rit amp elas rua sen qua nto asn oss ass ebe ija m: FELIZ ANO NOVO!

***

fade in.
o verso morreu?
fade out.
fade in.
o verso acabou?
corta para:
o universo é um copo
estraçalhado no chão,
mas ainda assim é um copo,
ou não?
fade out.

28/07/2016

***
Há uma dialética entre solidão e liberdade. Talvez minha solidão seja uma puta liberdade.
Clique na imagem para ampliar.
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Poesia é Desespero. Clique na imagem para ampliar.
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D E S C O N T O (ou seria uma) D E S C R Ô N I C A (?)

"Grande literatura é simplesmente linguagem carregada de significado até o máximo grau possível." - Ezra Pound em seu ABC da Literatura.

Lina Bobagem, os assentos do Oficina são desconfortáveis, os do Sesc Pompéia também, você não entendeu nada, o inconformismo é a proposta, busca pela participação e interação ao invés do espectador confortável, mas, meu Deus do céu, dez, horas, sentado, naquilo, o, cu, dói, bom, aí, a, culpa, não, é, da, Lina, oras, bolas, aí, a, culpa, é, do, Zé, poizé, de, cu, ele, entende. Dez. Horas. Uma. Hora. Mil. Horas. Todas. As. Horas. Um. Segundo. Quanto. Tempo. Será. Que. Vale. De. Fato. O. Tempo. Fulgor. De. Minhas. Memórias. Esgarçadas. Quanto. Tempo. Será. Que. Ainda. Tenho. No. Mundo. Inconformismo. Interação. Incômodo. Mas. Que. Interessante. É. A. Arquitetura. Obras. Duras. Para. Homens. Moles. O. Mundo. É. Uma. Obra. Nefasta. Aqui. Vivo. Aqui. Continuo. Num. Mundo. Caduco. Essa. Minha. Vida. Tem. Cheiro. De. Combustão. Apodrece. Diariamente. Diante. De. Obras. Tão. Eretas. Caminho. Por. Elas. Enquanto. Meu. Pau. Fica. Mole. Preciso. Arranjar. Alguma. Catapulta. Que. Me. Lance. Para. A. Vitória. Seria. Lícito. Atormentar. Assim. O. Outro. Com. Arte. Tão. Incomum. Minha. Herança. Paterna. Não. É. Eterna. Não. É. Eterna. Não. É. Eterna. Sou. Um. Leão. Diante. De. Uma. Fortuna. Que. Não. Soube. O. Que. Fazer. Com. Ela. Quando. Será. Que. Vencerei. A. Dicotomia. Entre. Trabalho. E. Emprego. Quando. Será. Que. Mataremos. Hesíodo.1 Estou. Na. Paulista. Estou. Na. Orla. De. Santos. Em. Qualquer. Lugar. Do. Mundo. O. Peito. Em. Crise. Será. Que. Sou. Eu. O. Tempo. Às. Vezes. Não. Passo. Dum. Fantasma. Aos. Olhos. Dos. Outros. O. Capitalismo. Sou. Eu. Já. Disse. Antes. Oximoro. Ambulante. Gosto. Dessa. Alcunha. Gosto. De. Mim. Mesmo. Eu. Reconstruído. Como. Uma. Obra. Exterior. A. Mim. Por. Dentro. Um. Por. Fora. Outro. Bota. De. Estilo. Undercut. Brinco. De. Argola. Jaqueta. De. Couro. Quase. Um. Rockeiro. Dos. Anos. 90. E. Por. Dentro. Espraio. Uma. Erudição. Qualquer. Seria. Eu. Fruto. De. Uma. Fricção. Qualquer. Problemática. Ou. Tabu. Entre. O. Século. XX. E. O. XXI. Ou. Firulas. Pessoais. De. Repente. Nada. Mais. Faz. Sentido. Tudo. Faz. Sentido. Assim. Nascem. Os. Românticos. O. Conteúdo. Da. Arte. É. Modelizado. Pelo. Signo.2 Avanço. Pós. Moderno. Pós. Dramático. SURGE. UMA. IDEIA. IR. PARA. A. PRÓXIMA. E. ASSIM. AD. INFINITUM.3 Iconoclastia. Relatividade. Mas. O. Absoluto. Ainda. Me. Ronda. Sinto. Seu. Sublime. Cheiro. Perfumando. Novamente. Estas. Vidas. Que. Apodrecem. Penso. Agora. Na. Minha. Catapulta. Aquela. Que. Vai. Me. Lançar. Para. Longe. Da. Crise. De. Todas. As. Crises. A. Boca. Na. Rua. Gritando. Desde. Quando. Nasceu. Esta. Minha. Ninfomania. Quando. É. Que. As. Pessoas. Vão. Comprar. As. Mentiras. Gastas. Dos. Poetas.4 A. PAIXÃO. PELA. ARTE. VAI. ME. SALVAR. Depois. Meia. Volta. Retorno. Para. Casa. Separo. Os. Gatos. Que. Brigam. E. Depois. Dormem. Juntos. E. Eu. Mesmo. Que. Quase. Nunca. Descanso. Do. Meu. Caos. Durmo. Também. Lá. Fora. Frio. Gélido. Aqui. Me. Aqueço. Aqui. Continuo. Cheguei. Muito. Cedo. A. Um. Mundo. Muito. Velho.5 Livros. Filmes. Discos. Reproduções. De. Pinturas. Biografias. De. Poetas. A. Arte. Me. Salva. Da. Sucessão. De. Erros. Que. É. A. História. E. A. Política. Sou. Um. Alien. Olho. Com. Felicidade. Para. Meus. Dois. Gatos. Que. Dormem. Abraçados. Comigo. Na. Coberta. E. Só. Consigo. Lembrar. Da. Frase. Do. Machado: "Não. Tive. Filhos. Não. Transmiti. A. Nenhuma. Criatura. O. Legado. De. Nossa. Mi.sé.ria."6 Depois. Um. Des.co.lar.se.do.cor.po.no.me.io.da.noi.te.te.nho.por.ve.zes.ca.ta.lep.si.a.do.so.no.em.ne.nhu.ma.des.sas.ve.zes.me.dei.xo.ir.sem.pre.me.se.gu.ro.não.as.sim.a.o.es.cre.ver.os.pen.sa.men.tos.vo.am.na.for.ma.e.no.con.te.ú.do.a.pai.xão.pe.la.ar.te.me.sal.va.rá.te.nho.cer.te.za.dis.so.e.de.mui.tas.ou.tras.coi.sas.mais.tra.ba.lho.às.ve.zes.di.li.gen.te.men.te.pa.ra.a.mi.nha.e.ter.ni.da.de.pa.ra.o.meu.le.ga.do.sou.por.ve.zes.um.a.li.en.a.po.lí.ti.co.com.no.jo.dos.sis.te.mas.às.ve.zes.pen.so.que.só.eu.es.tou.no.sé.cu.lo.xxi.e.to.do.o.res.to.das.pes.so.as.es.tão.nos.ou.tros.sé.cu.los.tro.pe.ço.nos.de.gra.us.da.in.cons.ciên.ci.a.nos.de.gra.us.e.du.nas.das.ho.ras.e.das.ar.tes.e.dos.so.nhos.e.dos.se.xos.e.do.e.xis.tir.do.vi.ver.das.es.pi.ri.tu.a.li.da.des.e.do.pan.te.ís.mo.quan.do.a.luz.do.cri.a.dor.e.os.nir.va.nas.e.a.u.niã.o.de.tu.do.e.de.to.dos.me.to.mam.e.aí.pen.so.de.pois.de.um.cho.rar.res.sen.ti.do.que.a.go.ra.sou.ou.tro.que.a.go.ra.ad.qui.ri.ou.tro.cor.po.mas.a.re.a.li.da.de.é.a.mes.ma.MAS.NÃO.IM.POR.TA.lem.bro.de.pois.que.tu.do.é.im.pes.so.al.que.na.da.é.meu.re.cor.do.Ca.nu.dos.três.mo.men.tos.ca.nu.dos.pri.mei.ro.f.o.rças.do.ri.o.gran.de.do.sul.a.té.o.a.ma.zo.nas.quei.mam.tu.do.um.pré.vi.et.nã.a.bo.mi.ná.vel.a.po.ca.lip.se.de.fo.go.vol.tam.os.ha.bi.tan.tes.re.cons.tróem.a.ci.da.de.sur.ge.o.go.ver.no.mi.li.tar.que.põe.á.gua.por.ci.ma.a.fo.ga.tu.do.os.ha.bi.tan.tes.são.o.bri.ga.dos.a.to.mar.á.gua.de.car.ro.pi.pa.e.com.mui.to.es.for.ço.se.re.cons.trói.u.ma.ter.cei.ra.ci.da.de.com.me.nos.mil.ha.bi.tan.tes.do.que.a.pri.mei.ra.que.ti.nha.cer.ca.de.mil.as.sim.eu.nes.sa.ter.cei.ra.par.te.ter.cei.ro.mo.men.to.ou.tro.in.cóg.ni.to.que.ro.san.gue.de.mim.pe.lo.chão.da.sa.la.q.u.e.r.o.c.a.c.o.s.d.e.s.t.e.s.e.r.p.r.e.s.e.n.t.e.c.a.i.n.d.o.a.o.s.m.e.u.s.p.é.s.e.s.t.i.l.h.a.ç.o.s.p.a.r.c.e.l.a.s.i.n.c.i.n.e.r.a.d.a.s.a.s.o.u.t.r.a.s.d.u.a.s.s.e.n.ã.o.n.a.v.i.d.a.a.o.m.e.n.o.s.n.a.l.i.t.e.r.a.t.u.r.a.t.u.r.i.s.t.a.s.e.o.s.a.r.r.e.d.o.r.e.s.r.e.s.t.a.u.r.a.m.c.e.r.t.o.s.m.o.n.u.m.e.n.t.o.s.i.n.v.e.s.t.e.m.e.m.c.e.r.t.o.m.u.s.e.u.d.e.s.s.a.s.c.i.d.a.d.e.s.c.o.m.o.C.a.n.u.d.o.s.r.u.í.n.a.s.d.o.p.a.s.s.a.d.o.q.u.e.n.o.s.r.e.a.v.al.i.a.m.a.g.o.r.a.Q.u.e.s.e.c.h.a.m.e.m.a.q.u.e.l.a.s.á.gu.a.s.i.n.t.e.r.n.a.s.co.m.a.i.r.r.i.g.a.ç.ã.o.Q.u.e.s.e.p.r.o.d.u.z.a.u.v.a.m.e.l.ã.o.Q.u.e.s.e.re.c.o.n.s.t.r.u.a.a.l.g.o.d.es.s.e.G.r.o.u.n.d.Z.e.r.o.t.o.t.a.l.e.e.p.i.s.t.ol.a.r.Q.u.e.s.e.p.l.a.nt.e.a.r.o.s.a.p.e.r.p.ét.u.a.p.o.r.d.e.b.ai.x.o.d.a.s.T.o.r.r.e.s.G.ê.m.a.s.D.e.s.s.a.W.a.s.t.el.a.n.d.7D.e.v.e.s.e.r.e.f.l.e.t.i.r.d.e.m.a.n.e.i.r.a.p.r.o.f.u.n.d.a.s.o.b.r.e.a.s.b.a.r.r.a.g.e.n.s.q.u.e.d.e.s.t.r.ó.e.m.c.i.d.a.d.e.s.i.n.t.e.i.r.a.s.Q.u.e.v.i.r.e.t.u.d.o.m.e.m.ó.r.i.a.m.a.s.t.a.m.b.é.m.a.ç.ã.o.c.o.m.o.N.a.g.a.s.a.k.i.I.ro.s.h.i.m.a.d.e.v.e.s.e.a.l.g.o.d.e.e.f.e.t.i.v.o.a.e.s.sa.s.t.e.r.r.a.s.e.st.i.l.h.a.ç.a.d.a.s.Ca.n.u.d.o.s.t.e.r.ce.i.r.a.c.o.i.s.a.o.ut.r.a.n.e.c.e.s.sá.r.i.a.p.a.r.a.f.or.m.a.r.d.e.l.a.u.m.a.J.e.ru.s.a.l.é.m.d.o.s.S.er.t.õ.e.s.8A.s.s.i.m.t.a.m.b.é.m.qu.e.d.e.s.t.e.F.e.r.n.a.nd.o.n.a.s.ç.a.r.e.n.a.s.ç.a.u.m.o.u.t.r.o.F.e.r.n.a.n.d.o.p.o.r.c.i.m.a.d.o.c.h.o.q.u.e.e.n.t.r.e.l.i.t.o.r.a.l.e.c.ap.i.t.a.l.T.r.i.l.o.g.ia.T.r.i.d.i.v.í.d.u.o.T.e.r.c.e.i.r.a.o.u.t.r.a.c.oi.s.a.q.u.e.n.ã.o.s.e.j.a.m.a.r.g.e.m.d.o.r.i.o.9m.a.s.o.r.i.o.e.su.a.m.a.r.g.e.m.t.u.d.o.j.u.n.t.o.e.u.n.o.v.a.m.e.n.t.e.r.e.c.o.n.s.t.r.u.í.d.o.s.e.n.t.a.d.o.a.o.S.o.l.r.e.i.d.e.m.i.m.p.r.óp.r.i.o.à.m.a.n.e.i.ra.d.e.R.i.c.a.r.d.o.R.e.i.s.10E.u.n.ã.o.e.u.n.e.n.h.u.m.S.e.r.i.a.e.n.t.ã.o.a.f.o.r.m.a.d.e.l.u.s.t.r.a.r.m.i.n.h.a.l.m.a.j.á.q.u.e.a.o.b.r.a.e.s.t.á.a.í.p.o.s.t.a.n.a.e.t.e.r.n.i.d.a.d.e.e.e.n.t.ã.o.a.g.o.r.a.f.i.n.a.l.m.e.n.t.e.s.e.m.n.a.d.a.m.a.i.s.a.p.e.r.d.e.r.11p.o.s.s.o.e.n.f.i.m.e.n.t.r.e.g.a.r.m.e.a.o.f.i.m.e.a.o.i.n.e.v.i.t.á.v.e.l:d/e/r/e/p/e/n/t/e/t/o/d/o/m/e/u/s/e/r/s/e/d/i/s/s/i/p/a/n/o/a/r/n/a/b/o/c/a/d/o/s/v/e/r/m/e/s/p/a/r/t/e/d/a/t/e/r/r/a/p/a/r/c/e/l/a/m/i/n/h/a/p/o/r/a/í/n/ã/o/s/e/i/o/n/d/e, livre para encontrar uma nova ilusão.12

Notas sobre:

1. V. O Trabalho e os Dias.
2. Cf. LOTMAN, Youri. La Structure du texte artistique. Paris: Gallimard. 1973.
3. Cf. Entrevista com Antunes Filho cuja fonte eu perdi.
4. Cf. Heiner Müller, “Muller Na Corte de Hesser”.
5. Paráfrase da seguinte frase de Augusto de Campos no prefácio do seu último livro de poesias, OUTRO: “E a única justificativa que posso dar [por seus erros ou insuficiências no mundo digital] é a de ter chegado muito tarde a um mundo muito novo.”
6. Cf. Frase final de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
7. Ref. ao poema de T. S. Eliot.
8. Cf. texto de Zé Celso pedindo a reparação de Canudos, em finais de 2007.
9. Ref. ao conto de Guimarães Rosa.
10. Ref. ao poema "Não Tenhas".
11. Cf. David Bowie, “Lazarus”.
12. Cf. Velvet Underground, "I'm Set Free" (Lou Reed / Doug Yule / Moe Tucker / Sterling Morrison) na versão recente de Brian Eno.

***

TRÍPTICO. Clique na imagem para ampliar.
***

dilema
***

estás triste e perplexo, fernando. 
***

o suicida: movo-me para fora do teu círculo

a chegada
***
testemunho final

***

antihamlet: o resto não pode ser silêncio o resto não deve ser silêncio
***
Entremos na casa desse arquiteto. Desse arquiteto que tem no currículo construções da força e da resistência. Da força e da resistência onde tremor algum poderá destruir. Tremor algum poderá destruir essas estruturas firmes fincadas na terra. Na terra onde reside a casa desse arquiteto, ele mesmo de aparência viril, sem qualquer vestígio de fragilidade. Sem qualquer vestígio de fragilidade, nos leva por enormes estantes com livros, todos de auto ajuda...

***

Não sou corpo, não sou alma - sou redivivo.
E todas as possibilidades de mim explodiram
Como se um copo estilhaçado no chão
Fosse ainda copo e outra coisa: indefinição.
Mesma outra coisa, pois só sabemos de algo
Através de sua antítese: não estou morto,
estou morto, não estou vivo, estou vivo.

Não sou linguagem nem ideia nem corpo nem alma.
Não sou eu nem humano. Estou hoje livre:
Não-taça posta nos lixos humanos,
Livre para encontrar uma nova ilusão.

29/07/2016

Fernando Graça na Germina Literatura!

Com imenso prazer, participo da edição de junho de 2016 da Germina Literatura: revista-convergência de diversos escritores do agora, considerados e iniciantes. Minha página consiste em versos recentes e esboços de prosa que serão melhor organizados no futuro. Leiam-me:


foto de marco de gioia que ilustra meus textos na Germina - muito bem escolhida pelos editores, por sinal.

Retorno ao verso (em constante construção) por Fernando Graça

mais uma vez uma vez mais
bato à porta da Poesia
bálsamo raro
que nem todos os homens
conseguem adentrar.

15/05/2016


a voz de sempre (03/03/2016)

de palavra do princípio
o repouso após o isto
apodrece e atropela
essa morte que soluça

apenas no repouso
que perdura
não na tumba no lamento
de palavras tagarelas

pode no estridente
irritar a tentação
da funérea carga
da perpétua rosa
no lugar do alcance
da voz
de sempre

"Isso não passa de exercício rítmico da fala dizendo um texto "nonsense" criado com a técnica beatnik de CUT UP (que é muito mais reveladora do que o intencional)"


O Amor Homossexual

No princípio era apenas isto ou aquilo.
Humidum. Siccum. Humidum. Siccum.
Frigidum. Calidum. Frigidum. Calidum.
Superiora. Inferiora. Superiora. Inferiora.
Spiritus. Corpus. Spiritus. Corpus.
Caelum. Terra. Caelum. Terra.
Ignis. Aqua. Ignis. Aqua.
Agens. Patiens. Agens. Patiens.
Volatile. Fixum. Pretiosum. Vile.
Fixum. Volatile. Vile. Pretiosum.
Manifestum. Occultum. Manifestum. Occultum.
Oriens. Occidens. Oriens. Occidens.
Vivum. Mortumm.
Mortumm. Vivum.
Masculus. Foemina. Masculus. Foemina.
Sol.
Luna.
Sol. Luna. Sol. Luna.
Luna. Sol. Luna. Sol. Ad eternum.
Nexo. Anexo. Nexo. Anexo. Substância. Carapaça.
Certos anjos (sem sexo), não satisfeitos, disseram:
- Vamos totalizar essa bagaça?!

15/05/2016

O Poeta Suicida

Deixo aos vivos
O nojo da política
O nojo dos noticiários
Os problemas que não solucionei

E morro abraçado pela linguagem.
Cama de palavras.
Mortemvida.

15/05/2016

Diálogo Contemporâneo

- Vivemos tempos sombrios...
- E quando é que houve um tempo não sombrio nestes mais de 21 séculos?!

15/05/2016

NO ESPELHO

Tudo o que é humano me é estranho.

Se esse friso, gélido,
E os outros corpos, caricaturas,
E todo o entorno de nós, que é pedra,
Parece-te alheio, alien apolítico
Convergindo sempre para a solidão
E para o eterno rio subterrâneo,

Então, se esqueceres o nojo dos eventos,
A história cíclica da qual não faz parte,
As construções que erguem contra tua vontade,
As redes mefistofélicas do digital,
A interconectividade que não conecta a nada,
Poderei ser feliz.

Se te lembrares, magia,
Das ondas anticitadinas do mar, aquele
Da tua infância, avançando contra a cidade.

Se aceitares que tua condição de poeta é o eterno exílio.
Se aceitares a eternidade deste afagar do pelo felino.
Se aceitares, enfim, que teu espírito pós-moderno
Dê voz a nirvanas e panteísmos raros.

E assim, não em vão, com resignação e felicidade,
Daremos com a verdade:

Teus poemas não resolveram meus enigmas.
Mas os deixaram mais claros.

19/05/2016

Nestaurorafora
Morreramortes
Deuforia
Maioresim
Quemeurronírico

Quandolheíntima
Noiterrível
Emim.

Masei
Queu
Vencereisso.

São Paulo, 20/05/2016

Meter na intenção de morrer,
Esgotando no esforço o frio dos dias.

Dentro de ti
Aqueço e guardo conceitos

Aqueles de um sonhado mundo
Impossível.

De novo e de novo
Presentear tua boca
Com o fruto maduro.

De palavras metafísicas
Inauditas
Trançamos nossos lábios.

Preencher tua garganta que devora
O novo ser
À procura de mais aurora.

Esgarçar teu universo,
Transpondo para a matéria
O sentido quântico do corpo.

Parcela minha e tua
Expelidas
Porque já somos outros.

São Paulo, 25/05/2016

Sobre a minha prosa (K)A(K)FÃ

O jovem leitor lê e se angustia.
Já maduro, escreve e angustia seu personagem.
O personagem acabado devolve a angústia para o escritor.
O humano-escritor-leitor busca a libertação.
Talvez a angústia não esteja na Natureza.
Talvez a angústia seja uma herança, invenção.
Talvez o problema esteja todo na língua.
Angústia depende do verbo ser.
No russo, ele é sempre oculto.
No japonês, no hebraico e no tupi, ele não existe.
E assim o humano-leitor-escritor se desaliena
Cultural e linguisticamente,
Mas, principalmente, sentimentalmente.

São Paulo, 26/05/2016

Poéticagora

nesteterno
mesmoutrofício: POESIAflora
sempreterna

eurrolvidesquecidos
estuporesórdidos
infinitasomas

quenfimorrem:
ALMA DESAPEGANDO-SE DA FÔRMA.

São Paulo, 30 de maio de 2016.

3 de junho: Poesiguaria
1
A vida, o tempo, o mundo, o poder, os dias
parecem cebola,
múltiplas faces
que caem uma a uma.
2
Contra o sucessivo, continua o poeta
a procurar a palavra perpétua, aquela
que petrifique o momento numa cela, projeto
fáustico que encerre a vida num corte só.
3
Seus olhos lacrimejam.

São Paulo, 3 de junho de de 2016.

1

Com tanto mar na alma, como pude apostar na angústia?!

2

O mar é um choro já derramado.
Inconsciência de si mesmo.
Paira ali o ser profundo e vivo
Que não se revela por inteiro.

3

Ondarrediabarcandomens
Ondasábiasólidasóbriasuicidas
Tapetespirititualíquidoblíquo
Preenchendo
Vazios:
Senhor da escuta.

Santos, 06 de junho de 2016.
Obs.: Esse poema, na forma, sonda duas de minhas obsessões além da poesia erótica: o verso livre existencialista e a poesia experimental de linguagem. No conteúdo, avalia a primeira imagem que vi esses dias da orla e do mar de Santos, minha cidade natal, logo que cheguei de São Paulo. Para ouvi-lo na minha voz, vá até o instagram fernandogracah. 


A poesia está em mim ou eu estou na poesia?
duas análogas possibilidades
duas duas
dois enigmas que se acasalam
e voltam a romper
resposta por vir
resposta por vir
(talvez ambos, como deus no homem
e homem no deus, talvez ambos,
como numa interdependência, ou não:)
porque um dia restarão os poemas
e não eu
ou só eu nos poemas
ou eles em mim em nenhum lugar algum.
minha única certeza:
o eu nos poemas
não será este eu fora deles...
este eu fora deles, para onde vai?
é superficial, sorri, come, transa, compra:
tudo inutilmente, vaidade das vaidades...
mas o eu dos poemas depende dele!
ou será que é ele que depende do eu dos poemas?
enquanto é eterno o eu dos poemas,
o outro apodrece lento:
então aquele eu privilegiado
é parcela maior do outro
- nem todos os homens
terão algum pedaço perene resistindo ainda...
tristes homens!
perene?
Não, porque um dia não restará nem eu nem poema.
São Paulo, 14 de junho de 2016.

Abril de 2016:

I.
Um nervo
  botão
que nunca estiola
então logo desaparece
no pus
de eterna erupção.

Será servo
  senão
da constante esmola
que então se esquece
da luz
de espúrio apagão.

Eu devo
   ao cão
que nos assola
o chão que messe
a cruz
da nossa crucificação.

(Esta outra escuridão
seduz
o Homem e amortece
o salto da mola
   na mão
que a levo.)


II.

Aqui, não em vão,
rasguei o sonho forjado na madrugada
e, rompendo esta nova mesma manhã,
resgatei, os, cacos, oníricos, enterrados,
nas. dunas. das. ho.ras.
in.cer.to.quan.to.às.cer.te.zas.
do.ou.tro.ra
(sa.ben.do.po.rém.que.O.bra
é.o.que.por.fim.r.e.s.u.l.t.a
d.o.d.e.s.p.e.n.c.a.r.i.n.s.o.n.e
p.ó.s.v.i.r.a.d.a.)

III.

 PRESO, A FORAGIDO

Nosso amor
No ar ardor
Do falar

Trouxe a atrofia
Do calar
Diante da ânsi

IV

  derivo talvez de
GRANfDES
              omes

   HOMENS

Minha tarefa: não outra
senão matá-la/os dentro de mim

             o EU.
E depois engolir 


*

vida em espiral
sem fim
ardor
caio noutro abismo
em mim
dor
no súbito suicídio
não eu
ar
ou ilumino tudo
no céu
dorar
*
9 Eis a sinuosa estrada de São Paulo a Santos
8 Que leva-me submergido ao encontro da parcela náufraga
7 (Esta que ora emerge enquanto eu desço
6 No percurso humano dentre o verde)
5 E, assim, não sem pudor,
4 Viver os sonhos/pesadelos
3 Aurorais e crepusculares
2 do ontem
1 amanhã

*

O SUICIDA DO MAR

as ondas me atacam
as ondas me atacam
as ondas me atacam
as ondas me acatam

as ondas me atacam
as ondas me atacam
as ondas me atacam
as ondas me catam

[São Paulo, 25 de junho de 2016]